domingo, 17 de maio de 2009

Não sei se é carência vinda directamente de uma semana inteira de cama, com febres delirantes em que desejei voltar para casa e ter alguém que cuidasse de mim, ou se é mesmo nostalgia de alguém que está quase na voltinha do aniversário, o que é certo é que dei comigo a pensar numa cena em particular: como é que as pessoas se tornam tão vulneráveis?
Sempre fui uma pessoa decida, sempre soube o que quis, e quis várias coisas ao longo da minha vida. Sempre batalhei para as conquistar, nunca baixei braços aos desafios. Sempre encarei tudo de frente, até um dia. Um dia, encontrei uma pessoa que julguei amar e mais uma vez, lutei para ficar com a dita pessoa. Construímos uma vida juntos, tentamos o melhor que podemos, até que percebi que só eu é que tentava. Comecei a pôr em questão se valia a pena continuarmos juntos, a conclusão era sempre a mesma, mas não havia forças dentro de mim para o fazer. E lá continuava eu, a fingir, a fazer por mim e por ele, a viver 1 minuto de alegria e 30 de amargura.
Saía e deixava-me a mim, sozinha com os meus fantasmas, a perguntar-me com quem estaria ele e o que estaria a fazer, jurando a mim própria que iria acabar com aquilo.
Um belo dia, depois de tentar chatear-me um dia inteiro, sem qualquer tipo de sucesso, decidiu começar a agredir-me verbalmente; tendo o desprezo como resposta, resolveu ameaçar-me com o rompimento. Nessa altura, não sei o que me passou pela cabeça, em vez de agarrar numa mala e lhe pôr as coisinhas lá dentro, e dizer-lhe, adeus, não, fiz exactamente o oposto, humilhei-me e pedi-lhe que ficasse, que tentássemos recuperar o que tivemos. Falta de amor próprio resultou em abandono.
Nunca mais consegui ser eu própria, para além de ter de lidar com a dor de um coração destroçado, tenho agora de lidar com a dor de não ter sido a Mulher independente que sempre fui, tenho que lidar com a traição dos meus princípios.
É-me muito triste pensar que cheguei ao ponto de me anular, de amar mais uma outra pessoa, que nunca mereceu o meu amor, do que a mim própria (será que já acredito nisto?)
Nesta nova etapa da minha vida, não queria pensar mais em todas estas coisas, mas penso.
Ainda está tudo em carne viva.

4 comentários:

Anónimo disse...

Li isto e enfim não resisti a comentar... É que nós as vezes dámos como adquiridas coisas que deveriamos saber que têm um fim. Nada dura pra sempre, porque o amor acaba porque a vida acaba... E não recordamos que um dia já vivemos sem essas pessoas ao lado. Acho que esquecemos que somos támbem seres viventes e independentes... tudo passa e quando passa nós até rimos disso (bem ou quase tudo). stelmo

Mr. Mojo Risin' disse...

It’s gonna feel just like those raindrops do...
When they’re falling down, honey, all around you.

beijo

e.

memyselfandi disse...

Olha, este texto poderia ter sido escrito por tanta mulher... conheço tão bem essa sensação do tentar recuperar o que já se perdeu, porque doi admitir que se perdeu. Eu engano-me a mim própria e recuso-me a admitir que se perdeu até hoje...vem de lá um "amo-te" que me soa tão vazio e falso, mas que me vai prendendo e prendendo...

Mia disse...

é ir vivendo... realmente é certo que a eternidade é muito relativa e, portanto, há que tornar cada dia o mais especial possivel!
A teoria tenho-a, falta incorpora-la.
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